quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Garotos Podres I

É este gênio maldito que me deixa inquieta e profundamente incomodada com certas atitudes "vira-lata" do brasileiro, ou carioca, ou qualquer cidadão nascido e criado nesta terra de ninguém. Não bastasse a quantidade de gente jogando lixo na rua (comentada no post anterior), como se ele fosse se dirigir sozinho à lata mais próxima, tenho visto muitos homens mijando na rua. Acho que deve ser culpa do verão. Calor dos infernos combina com líquido que combina com uma vontade enorme de fazer xixi, o que não combina com a falta de banheiros químicos nas ruas. Resultado: os caras se aproveitam da facilidade anatômica pra mijar na primeira árvore ou primeiro muro que aparece. Olha só, eu faço xixi na rua em blocos de carnaval, confesso. Não por achar gostoso, mas por não achar um banheirinho químico (vazio, limpo e com papel é pedir demais). Mas fazer isso com a maior naturalidade às oito da manhã em alguma avenida movimentada é coisa de gente porca e desprovida de bom senso. E feio.

Voltando de minha corridinha, vi um coroa mijando em frente ao muro do Flamengo. Fala sério, este pangaré devia ser vascaíno. Pensei nas possíveis consequências e concluí que teria mais fôlego do que ele, caso precisasse dar no pé, então fiz "tsc tsc" com a cabeça e berrei: "Seu porco!". Sem graça, com certeza, o mijão ficou.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Vamos performar, gente?

Duas vezes por ano, na empresa em que trabalho, os gerentes chamam cada um de seus funcionários para conversar sobre performance. Antes de tudo, preciso dividir o quanto odeio esta palavra, pois, junto com "comprometimento", "sinergia" e "pró-atividade" forma o vocabulário dos pseudoprofissionais de RH ou, simplesmente, grupo de pessoas que acha que sabe dizer se você é bom o suficiente. Como eu ia dizendo, somos obrigados a preencher documentos e enrolar muito pra tentar explicar ao gerente o que ele já sabe que fazemos e sempre vai exigir mais, muito mais.
Hoje, durante o papo, percebi que me sinto dentro de "Shawshank Redemption", nas cenas em que o Red explica, sem sucesso, por que deve conseguir a liberdade condicional.
Só falta o carimbo de "parole" na minha carteira de trabalho.

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Povinho porco este. O ano mal começou e já vi diversas pessoas jogando papel e lata pelas janelas de ônibus e vans. Que ódio.
Ontem, no ponto, o fiscal (??) da van jogou um papel no chão e fiquei encarando sua cabeça durante oito segundos para ver se ela iria pelos ares.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

What a lucky woman you were.

É um dia como qualquer outro. Exceto pelo fato de ser sexta-feira, o que muda o rumo das coisas. Vocês sabem: a pior sexta-feira é melhor do que a melhor segunda-feira.

Mas, enfim, as notícias ruins não me deixam vibrar com a ideia de tomar uma cerveja gelada, ver pessoas queridas e dormir até as duas da tarde de amanhã. Pelo menos, teve especial Foo Fighters e Nirvana na minha rádio favorita.

"Tem dias que a gente se sente um pouco, talvez, menos gente. Um dia daqueles sem graça
de chuva cair na vidraça".

Para fechar dia tão macambúzio e meia-boca, decidi catar "Lucky Man", do Emerson, Lake and Palmer, no YouTube. Descobri esta linda música recentemente, num lindo lugar ao lado de lindas pessoas. E qual não foi minha surpresa ao achar um vídeo feito por dois irmãos para o pai que havia falecido. Nas informações, descubro que o pai, já com câncer, não se cansava de cantar o refrão, muitas vezes mudando o verso para "Oooh, what a lucky man I am...".

Fiquei com aquele apertinho recorrente, coisa pouca, até alegre.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Se você para, o carro pode te pegar.

Flamengo joga no Maracanã e, do lado de fora, carros e pedestres travam uma batalha injusta. Eu tentava atravessar a Av. Maracanã da forma mais segura possível, quando percebo um guardinha pago para organizar o trânsito. Vendo a multidão que não conseguia passar para o outro lado por conta da má vontade crônica dos motoristas cariocas, o sujeito exclama:

- Vai avançando que eles param.

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Teve a do dia em que eu caminhava na Lagoa, perto do Caiçaras, quando ouvi uma freada brusca de carro. Como era de se imaginar, o motorista teve um surto de consciência automobilística e resolveu parar no sinal vermelho, em cima da faixa. Ao meu lado, passa um daqueles carrinhos que patrulha o local e ouço a seguinte pérola:

- Ah, isso é culpa dos pedestres que cismam em pisar na faixa quando o sinal fecha.

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Eu sei que se conselho fosse bom não seria for free, mas estamos aí para compartilhar conhecimento.

Se o seu problema são os carros que não param para que você atravesse a rua, não saia de casa.
Peça uma pizza, compre cerveja, chame a galera e veja o jogo no conforto do lar.

Já se a questão são os carros que param para que você atravesse a rua, não confie nestes monstros perversos. Por precaução, espere três sinais fecharem antes de pisar na faixa ou jogue algum graveto para servir de cobaia.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Isto é glamour?

Mamãe parou de comprar o jornal durante um tempo, pois não aguentava tanta tragédia no mundo. Às vezes, penso que feliz mesmo é o alienado. O emocional do ser humano não está preparado para tantas bombas informativas em diversos lugares ao mesmo tempo.

Hoje, uma amiga foi buscar o carro roubado num pátio no subúrbio. Por fora, o veículo parecia levemente depenado. Considerando que o bandido começa e a polícia termina o serviço, ela não ficou tão impressionada. Por dentro, no entanto, sobrou quase nada. Ao abrir a mala, viu que tinha levado um souvenir dos atenciosos criminosos. Manchas de sangue e um papelão onde lia-se "Pedofilia 9 anos", além de um cheiro terrível.
Cá com os meus botões, pensei "putz, ainda bem que eles removeram o corpo antes".

É corrupção, poluição, roubo, furto, homicídio, latrocínio, alagamento, desabamento, show do Coldplay, horror, horror, horror.

Alguma coisa ainda funciona neste Brasil nada varonil?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Se joga, 2010.

Ver o nascer do sol do primeiro dia do ano na praia do Leblon. E que parto, minha gente. O céu avermelhado, azulado, esverdeado, amarelado, uma miríade de cores linda de se admirar. À noite, apagar as luzes da casa e deixar a lua cumprir seu papel de poste de Lumiar. Para complementar, o barulhinho do rio correndo lá embaixo e as folhas do tão temido bananal balançando.

Sei não, mas começar o ano bem assim deve significar - e dignificar - alguma coisa.

2009 foi um ano bom. Muito melhor do que 2007 e 2008, o que não seria difícil, visto que estes foram os piores anos que poderiam constar na lista de piores anos. Foi em 2009 que descobri que há muito o que se descobrir por aí.

Enquanto finalizo meu textinho, percebo que ouço progressivo com o headphone surrupiado do ônibus turístico de Lisboa e Porto. Daria a unha "pipa" do meu mindinho pra estar lá ao invés de sentada em frente ao notebook sofrendo com o fato de ainda ser dia quatro.