quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Paris Je T'aime. Mucho!

Veja bem, o metrô parisiense não é impecável. Diz minha tia - e concordo em gênero e número "igual"- que Paris já deixou de ser primeiro mundo há tempos. Primeiro mundo é Dinamarca, Suécia, Finlândia, onde as coisas funcionam tão bem que chega a ser chato, o que não tira um centímetro de minha vontade de ir pra lá ontem. O metrô de Paris é sujo, pichado, tem cheiro de xixi. Os bancos ficam encostados e você precisa puxá-los para baixo e segurá-los para sentar. Sim, segure os malditos banquinhos. Eu quase tomei um tombo histórico por não ter feito isso. A questão é que você chega em QUALQUER lugar usando o metrô de Paris. Do Oiapoque ao Chuí da cidade. E esbarra com rico, pobre, ferrado, tudo quanto é tipo de gente. Aqui no Rio, acho que os ricos pensam que metrô é coisa de pobre e aproveitam para tirar o carrão da garagem todo dia e fazer com que o tráfego esteja essa maravilha toda. Se fode aí quem precisa pegar ônibus, ora.
Sim, sim, o metrô da Cidade Luz é "magnifique".

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E os artistas? Uma mulher entrou no vagão carregando um amplificador pequeno e microfone e cantou para a plateia acostumada e os dois cariocas abestalhados. Amplificador, porra. Isto sim é inusitado.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Apenas um causo sem causa.

Meu aniversário de 16 anos, época boa. Fazer um churrasquinho com show de rock parecia uma excelente ideia, então convoquei os meninos, arrumei a área/garagem, e sentei para ver a passagem de som.
Foi aí que vi a vaca indo direto para o brejo. A casa tremeu, juro, e os vidros quase se partiram. Acho até que vi sombras negras circulando pela sala. Na hora, pensei "Danou-se".
Subi as escadas torcendo pra que minha mãe tivesse desmaiado no primeiro acorde da guitarra. Nada grave, somente um apagão de cinco horas. A luz do banheiro estava acesa e pude ver sua cara roxa de raiva depois de ter borrado o batom assim que a bateria começava a crescer com "Highway Star".
Pausa para respirar e ganhar coragem.
Entro no banheiro e lá está ela, batendo cabeça em frente ao espelho. Assim que me vê, diz:
- Nossa, Nanda, que som maneiro!

Durante a noite, vizinha Lilo ligou para dizer que o barulho estava matando seu marido.
Ainda bem que não demos importância, pois ela fez o mesmo nos três anos seguintes.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Eu queria tanto descansar o meu coração. Uma nova má notícia não.

Sou pessimista com carteirinha de registro e tudo. Minha mãe dizia isso com frequência. Ora bolas, é muito mais fácil me enganar achando que o sofrimento será menor caso não tenha sucesso do que criar uma expectativa enorme e levar um tombo pior ("the higher you fly/the deeper you go", em minha interpretação).
Político rouba, padre alicia, flanelinha bate, bandido joga bomba, motorista atropela e não socorre, mães jogam bebês no lixo. Já abro o jornal torcendo pra ver uma notinha minúscula sobre uma menina que teve o rosto queimado e desfigurado reconstruído por médicos sei lá de onde, ou uma pessoa humilde que reencontrou um parente após 20 anos. Até mesmo uma cadela amamentando filhotinhos de puma me emociona. Bondade, sabe? Esta atitude que foi riscada da configuração do sistema de muitos seres humanos por aí.
Tento me incomodar menos - ou conformar mais - com as coisas horríveis e chocantes que acontecem em meu país. Pessoas que reclamam demais são chatas e repetitivas e não nasci pra ser eremita.

Mas, puta que pariu, é preciso ter uma tolerância que não cabe mais em meu sistema. Acho mais fácil mudar de planeta.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Tem sangue no jornal, bandeiras na avenida Zil.

O sujeito, supostamente doidão de crack, mata um travesti e tenta colocar fogo em seu corpo. Quando denunciado pelos vizinhos, se contradiz, dando diferentes versões ao episódio. Seu pai, quando descobre o que aconteceu, fica mais chocado com o o fato do filho ter relações homossexuais do que o trágico desfecho do freak show.

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Ministério Público investiga a Suipa por maus-tratos aos bichinhos e desvio de verba. No desenrolar do freak show 2, um sujeito publica artigo n'O Globo dizendo que a presidente da instituição é muito honesta, porém funcionários roubam descaradamente e animais vivem engaiolados (ouviu? en-gai-o-la-dos), muitas vezes matando uns aos outros. A diretoria vê tudo. E a presidente é idônea, né? Ok, passo a me chamar Maria Antonieta a partir de agora.

Sabe, é tudo tão nojento. O bicho não vai parar lá por conta própria. Algum idiota fez o favor de largá-lo e ele, então, foi resgatado para viver em péssimas condições, torcendo para que alguma pessoa se sensibilize com sua carinha triste. Na cidade em que minha avó vive, em MG, as pessoas entregam os filhotinhos de suas cadelas a um sujeito que... bem, nós sabemos muito bem o que ele vai fazer. Por que estas pessoas não castram os cachorros, cacete? É simples e não tão caro.

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Eu berro "ME TIRA DESSE BURACOOOOOOOOOOO" no ponto de ônibus. Não é compreensível?

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Cabeça-dura

Assim que saiu do trabalho, nossa heroína pôs seu chinelinho e andou pelas ruas do bairro atrás de uma Drogasmil. Farmácia encontrada, remédios comprados, pegou o 438 para casa. Chovia. Em frente à sua casa, há um ponto de ônibus invisível. Para os motoristas de ônibus, pelo menos, pois nenhum para lá, deixando para fazê-lo alguns metros à frente, no sinal. Por precaução, fez sinal logo que o coletivo deixou o ponto anterior. "Com esta chuva toda, ele tem que me deixar no lugar certo", pensou. O ônibus parou no sinal. A moça resolveu se dirigir à porta e pediu para saltar. Foi ignorada. Insistiu e continuou sem resposta. O motorista ouvia pagodinhos em volume considerável. Na terceira vez, ouviu a advertência grosseira "Isso aqui não é ponto, moça, e não sou baleiro pra você ficar me chamando". Sim, sim, ele estaria certo. Se esta zona aqui não se chamasse Rio de Janeiro, Terra Das Pessoas Sem Educação. Ela poderia ter ficado quieta, mas, porra, teve um dia do cão e não merecia ser tratada assim. Respondeu, reclamando que nunca paravam no outro ponto, isso é um absurdo, o salário mínimo é uma desgraça, blá, blá, blá. Tanto reclamou que o sujeito simpático abriu a porta. Ao pisar no segundo degrau, percebeu que havia uma poça enorme, ou melhor, ENORME, embaixo do ônibus. Ela não poderia mais voltar. Pisou na poça e seus pés afundaram na água. Ao levantar o primeiro pé para subir no meio-fio, seu chinelo escapou e começou a boiar. Nossa heroína, instintivamente, retirou o outro chinelo e continuou caminhando, como se nada tivesse acontecido, sem olhar para trás.

Perderia o chinelo, mas não a dignidade.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.

Meu interesse por futebol começou em 1992/1993. À época, eu dividia o quarto com meu irmão mais velho e era "obrigada" a assistir a partidas de times da terceira divisão do campeonato sergipano. O ó. Mas, em 93, o Flamengo disputou a final da Super Copa com o São Paulo e perdeu. E eu chorei feito um bebê. Acho que só tinha chorado assim quando minha cachorrinha vira-lata Miúcha tinha morrido, muitos anos antes. Lembro do cadáver estirado na área do apartamento como se fosse hoje. Muito querida, aquela bichinha. Enfim, aquele jogo fez com que eu passasse a ver os jogos com real interesse.

- Ah, Fernanda, mas por que o Flamengo?

Minha mãe era flamenguista, apesar do pai vascaíno. Quando o Mengão ganhava, ela corria pra sala e colocava o hino rubro-negro berrando no som. Lembrança boa. Meu irmão é flamenguista também e minha irmã mais velha idem, apesar de ignorar solenemente o esporte. Meu pai diz que é por minha causa. Ele sabe que vou deserdá-lo caso vire casaca e eu não engoli muito bem essa coisa de torcer também pelo Palmeiras só porque sua esposa e filho são. Por estar cercada de flamenguistas e achar a combinação vermelha e preta um luxo, não tinha como eu escolher outro time.

E aí que fui ao Maracanã pela primeira vez, já velhinha, aos 14 anos. O jogo? Vasco x La Coruña. Meu ex-cunhado, torcedor doido (redundância número um) do time de São Longe pra Caralho Januário, resolveu levar a família toda à despedida do Roberto Dinamite. Coitadinho, o time dele perdeu de 2x1 de virada com direito a gol do Bebeto, ex-jogador do Vasco. Podia ter dormido sem essa. Por coincidência, a primeira ida ao Maraca pra ver o Flamengo jogando foi contra o cruzcredomaltino. Se eu disser que foi 2x1 Mengão de virada vocês vão acreditar? Pois é, a vida é mesmo cheia de surpresas - ou não.

De lá pra cá, prestigiei o Mais Querido muitas vezes, mas sempre com aquele senso crítico pé no chão que me permite saber se o time está bem ou não fazendo por onde. A final do Brasileiro de 2009 foi linda para o Mengão, mas xinguei muito mais do que comemorei, pois passei um perrengue dos infernos para estar no Maracanã e o time não jogou porra nenhuma.

Eu adoro o Flamengo. E adoro adorar o Flamengo. Fazer parte da maior torcida do Brasil que suporta o time mais importante do Brasil é um prazer que só nós, flamenguistas, temos. Quando o Flamengo ganha, as ruas ficam lindas, alegres, descontraídas. Quando perde, bem, aí é melhor sair antes do jogo acabar para não correr o risco de levar uma cadeirada na cabeça, mas é só ficar esperto. É a torcida mais democrática, heterogênea. Tem gente bonita, feia, com e sem os dentes, preta, branca, amarela, que vai de BMW ou trem para o Maracanã. E é uma torcida apaixonada e devota, que não liga pra esse papinho chato e repetitivo de "favela/mulambada". O que para vocês, antiflamenguistas feiosos cheios de preconceito, é uma crítica, para nós é motivo de orgulho. Vocês nunca vão saber o que é subir a rampa do Maraca com a mão no ombro de um negão que nunca viu cantando "Uh-tererê". E, também, o que é ganhar um Mundial, uma Libertadores, seis Brasileiros, 31 cariocas... mas aí já é outra história.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

...

Os deuses da TV a cabo, num momento único de generosidade, decidiram me dar acesso aos diversos canais do pacote mais completo do catálogo. Estou certa de que é temporário ou não passará em branco e o prejuízo virá na minha próxima fatura, mas por enquanto vou aproveitando o leque de opções cinematográficas. Tamanha boa vontade me permitiu assistir a bons filmes, mas fez com que eu tivesse certeza de que não vale a pena gastar dinheirinhos com estes canais todos. É pouca coisa que presta.

Ontem, antes de dormir, decidi conferir o que passava de interessante entre os canais 61 e 76. Foi quando vi que começava um filme que havia chamado minha atenção quando exibido nos cinemas: "Nossa Vida Sem Grace".

John Cusack é um vendedor, pai de duas meninas, que acaba de perder sua mulher, morta em serviço no Iraque. Ele não consegue contar o que aconteceu para as filhas, então decide levá-las numa viagem de carro, fazendo tudo o que as duas pimpolhas querem. O filme é melancólico até dizer chega, mas bonito.

E nem preciso dizer que chorei feito um botafoguense quando os créditos subiram. Chorei, ó, de soluçar.

Estou pra conhecer quem diga que passar por uma perda não é difícil pra cacete. O tempo passa, o tempo voa, a gente deixa de querer morrer junto, mas passa a conviver com a maldita saudade, que fica ali, à espreita, esperando o momento de dar um bote. Uma bomba. Eu já sou chorona profissional, sindicalizada e tudo, então me dói ver quase tudo, já que é quase impossível encontrar algo que não me lembre aquela maluquinha.

"Saudade, amor, que saudade
Que me vira pelo avesso
Que revira meu avesso"

segunda-feira, 29 de março de 2010

Rir para não chorar.

Pedro Bial anima o julgamento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. O share de audiência é de 98%.
De um lado, a torcida dos réus. De outro, os que apoiam a família da mãe da menina Isabella.

- Cadê a torcida dos Nardoni?
- Inocentes!! Inocentes!!
- E o pessoal que torce pela condenação?
- Justiça!! Justiça!!

Wanessa Camargo anima o evento cantando seus hits e fazendo o público dançar.

Nisso, um jovem americano que sofreu bullying na adolescência entra atirando com sua escopeta.

Desce o pano.

Tem, tem, tem picadeiro de qualidade!

O evento no qual foi transformado o julgamento do casal Nardoni reflete exatamente o que o brasileiro adora: papagaiada. Aquelas pessoas todas em frente ao fórum berrando e carregando faixas de protesto e apoio à mãe da menina me deram um nojo que nem te conto. Porra, como tem gente desocupada neste mundo. Ok, os réus são uns desequilibrados que merecem mais é apodrecer na cadeia (embora a gente saiba que vão durar mais uns dez aninhos lá, no máximo, e provavelmente sairão antes por bom comportamento ou qualquer outro critério besta), mas não era passagem do cometa Halley ou show da Wanessa Camargo, minha gente. A "plateia" soltou fogos quando a sentença saiu. Fogos. Como se fosse um grande arraiá. Fico pensando na quantidade de gente neste país que precisa ser julgada, condenada sem direito a nada. Pessoas que têm mais é que virar "bitch" de marginal na cadeia. É uma lista que não para de crescer e não, eu não vou comemorar porque o casal foi condenado. Especialmente levando em conta que a condenação foi conseguida no grito, em grande parte. Sabe quando o jogador vai na bola, o adversário se joga no chão fazendo a maior cena e o time inteiro vai pra cima do juiz, que, amedrontado, dá o cartão para o cara? Tá errado.

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Ou, então, vamos gritar bastante pra ver se a gente consegue colocar mais uma centena em seu devido lugar. Topas?

segunda-feira, 15 de março de 2010

Pra viver, pra gostar, pra chover, pra tratar de vadiar...

Tudo começou em 1994. Segundo semestre, se não me engano. Mamãe havia ido por indicação de uma paciente e achou que eu poderia gostar. Mãe é foda, sempre acerta.

A primeira casinha era minúscula. Onde quatro pessoas dormiriam confortavelmente, a gente colocava 15. Uma dormindo por cima da outra, colchão dentro do banheiro, mezanino lotado, uma coisa. Teto caiu, galinha cantou funk. Acordávamos com as vizinhas vacas.

A segunda, na mesma rua, era um pouco maior. De portas e janelas azuis, muito lindinhas. Além disso, um riacho passava no jardim. Posso dizer que já vi pessoas loucas enfiando a cabeça de outras pessoas loucas lá dentro. Minha avó também viu, coitada. Dançamos Uriah Heep na cozinha e vimos um camarão de asas - e não tínhamos fumado ou tomado nada.

Veio a terceira, a única com piscina. Praticamente semi-olímpica, com mais ou menos 25cm. Mas a casa tinha um varandão enorme, delicioso e cheio de sofás. Foram muitas tardes naquela varanda, ouvindo música e falando besteira. Relaxando, vocês sabem. Coisa, aliás, que foi feita para ser feita num lugar como aquele.

A penúltima era quase profissional. Juntava o varandão com não um riacho, mas um belo rio passando na frente. Não havia um poço digno de mergulhos olímpicos, mas funcionava muito bem. A piscina de plástico montada na frente fazia a gente não querer mais sair de lá. A pirambeira logo ali também não ajudava.

A última, bem, era nossa, o que explica o amor maior de todos. A varanda enorme, o quartinho no andar de baixo, o jardim lindo lotado de hibiscos e plantinhas coloridas. A hortinha lá atrás e a placa de "Pamraíso" pendurada no portão. Lembro de quando a vi pela primeira vez: "é só você olhar para o lado direito e vai ver a casinha ao lado do bananal". Dona Vera caprichou, misturou madeira com gesso, pé direito enorme com vidro, deixou tudo com sua cara.

Adoro viajar pra qualquer canto. Sair do Rio me faz pensar que há chance de passar o tempo sem caos, buzina, armas brancas e pretas, gente berrando nos meus ouvidos. Mas com Lumiar é diferente. Aquilo ali tem um poder doido de me transformar numa das pessoas mais felizes do mundo.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Amor só dura em liberdade??

Resolvo colocar em algum filminho bem bobo pra pegar no sono de vez. O enredo é clichê brabo, com um rapaz que vive relacionamento com uma menina que está grávida de três meses e, de repente, se encanta com uma garota mais nova. Até aí, básico. É CLARO que a noiva descobre e termina com ele. É CLARO que a "outra" se apaixona e começa a dar incertas em seu trabalho, mas sem matar coelhinhos ou cortar os pulsos, como fez Glenn Close há uns bons vinte anos atrás.

Me incomoda a traição ser passada como uma coisa natural. Melhor ainda, natural para a NATUREZA MASCULINA. O próprio personagem diz, no momento em que é descoberto, que depois de três anos de relacionamento, beijar a boca de outra persona é coisa normal. Não, mal aí, mas não é. Trair é feio, desrespeitoso, cruel. E esse papo de ser coisa de homem, mal aí novamente, não passa de desculpa para fazer merda sem peso na consciência.

Uma conhecida (Dona Y, por que não?), sabendo de sua condição de traída, me disse certa vez que precisamos aceitar esta atitude dos homens. É uma coisa física, sabe? Não adianta ir contra, é frustração certa. Então, cherie, serei uma eterna sofredora. E continuarei achando que trair é feio e desnecessário e não tem ABSOLUTAMENTE nada a ver com sexo, cor, credo, religião, idade e o outras categorias.

Deixo claro que não sou daquelas feministas xiitérrimas que dizem que homem só serve mesmo pra abrir pote de palmito. Abrir esse troço é mesmo difícil, mas nada que uma tampinha moderna não resolva. Acho, sim, que as mulheres têm direito às mesmas condições de trabalho que o homem e se a garota está na pista tem mais é que beijar na boca, mas reconheço a importância do homem é o quão delicioso é ter alguém especial do meu lado.

E não, não fui traída. Simplesmente acho que está na hora de aniquilar este monstrinho fedorento, retrógrado e careta chamado machismo e todos os seus filhotes.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Nossa Barcelona

Eu, você - de camisa do Flamengo - e o Mar Mediterrâneo ao fundo.


"Voando sobre o mar
Mudando de lugar
Querendo me levar pra outro mundo"

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Free bird

Esta cena é uma das mais especiais do filme. Mas este "Lynard Skynard" do começo ficou bem feio.



E, sim, sim, eu ouço a música - com direito ao solo de guitarra de 25 minutos inteiro - enquanto escrevo estas duas linhas para o abandonado blog.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Desagradável. Vai embora. Ninguém te quer.

Eu ficava tentando entender por que não gosto de água sem gás. Bebo para satisfazer meu intestino preguiçoso e matar a sede de vez em quando, mas não aproveito o momento como se fosse suco de goiaba.
Foi aí que percebi que meu problema é com coisas sem graça.
Chuchu, jiló, vagem, Los Hermanos, porrolhos recalcados e tricolor achando que venceria o jogo de ontem são coisas que não dão brilho nenhum à vida.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Garotos Podres I

É este gênio maldito que me deixa inquieta e profundamente incomodada com certas atitudes "vira-lata" do brasileiro, ou carioca, ou qualquer cidadão nascido e criado nesta terra de ninguém. Não bastasse a quantidade de gente jogando lixo na rua (comentada no post anterior), como se ele fosse se dirigir sozinho à lata mais próxima, tenho visto muitos homens mijando na rua. Acho que deve ser culpa do verão. Calor dos infernos combina com líquido que combina com uma vontade enorme de fazer xixi, o que não combina com a falta de banheiros químicos nas ruas. Resultado: os caras se aproveitam da facilidade anatômica pra mijar na primeira árvore ou primeiro muro que aparece. Olha só, eu faço xixi na rua em blocos de carnaval, confesso. Não por achar gostoso, mas por não achar um banheirinho químico (vazio, limpo e com papel é pedir demais). Mas fazer isso com a maior naturalidade às oito da manhã em alguma avenida movimentada é coisa de gente porca e desprovida de bom senso. E feio.

Voltando de minha corridinha, vi um coroa mijando em frente ao muro do Flamengo. Fala sério, este pangaré devia ser vascaíno. Pensei nas possíveis consequências e concluí que teria mais fôlego do que ele, caso precisasse dar no pé, então fiz "tsc tsc" com a cabeça e berrei: "Seu porco!". Sem graça, com certeza, o mijão ficou.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Vamos performar, gente?

Duas vezes por ano, na empresa em que trabalho, os gerentes chamam cada um de seus funcionários para conversar sobre performance. Antes de tudo, preciso dividir o quanto odeio esta palavra, pois, junto com "comprometimento", "sinergia" e "pró-atividade" forma o vocabulário dos pseudoprofissionais de RH ou, simplesmente, grupo de pessoas que acha que sabe dizer se você é bom o suficiente. Como eu ia dizendo, somos obrigados a preencher documentos e enrolar muito pra tentar explicar ao gerente o que ele já sabe que fazemos e sempre vai exigir mais, muito mais.
Hoje, durante o papo, percebi que me sinto dentro de "Shawshank Redemption", nas cenas em que o Red explica, sem sucesso, por que deve conseguir a liberdade condicional.
Só falta o carimbo de "parole" na minha carteira de trabalho.

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Povinho porco este. O ano mal começou e já vi diversas pessoas jogando papel e lata pelas janelas de ônibus e vans. Que ódio.
Ontem, no ponto, o fiscal (??) da van jogou um papel no chão e fiquei encarando sua cabeça durante oito segundos para ver se ela iria pelos ares.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

What a lucky woman you were.

É um dia como qualquer outro. Exceto pelo fato de ser sexta-feira, o que muda o rumo das coisas. Vocês sabem: a pior sexta-feira é melhor do que a melhor segunda-feira.

Mas, enfim, as notícias ruins não me deixam vibrar com a ideia de tomar uma cerveja gelada, ver pessoas queridas e dormir até as duas da tarde de amanhã. Pelo menos, teve especial Foo Fighters e Nirvana na minha rádio favorita.

"Tem dias que a gente se sente um pouco, talvez, menos gente. Um dia daqueles sem graça
de chuva cair na vidraça".

Para fechar dia tão macambúzio e meia-boca, decidi catar "Lucky Man", do Emerson, Lake and Palmer, no YouTube. Descobri esta linda música recentemente, num lindo lugar ao lado de lindas pessoas. E qual não foi minha surpresa ao achar um vídeo feito por dois irmãos para o pai que havia falecido. Nas informações, descubro que o pai, já com câncer, não se cansava de cantar o refrão, muitas vezes mudando o verso para "Oooh, what a lucky man I am...".

Fiquei com aquele apertinho recorrente, coisa pouca, até alegre.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Se você para, o carro pode te pegar.

Flamengo joga no Maracanã e, do lado de fora, carros e pedestres travam uma batalha injusta. Eu tentava atravessar a Av. Maracanã da forma mais segura possível, quando percebo um guardinha pago para organizar o trânsito. Vendo a multidão que não conseguia passar para o outro lado por conta da má vontade crônica dos motoristas cariocas, o sujeito exclama:

- Vai avançando que eles param.

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Teve a do dia em que eu caminhava na Lagoa, perto do Caiçaras, quando ouvi uma freada brusca de carro. Como era de se imaginar, o motorista teve um surto de consciência automobilística e resolveu parar no sinal vermelho, em cima da faixa. Ao meu lado, passa um daqueles carrinhos que patrulha o local e ouço a seguinte pérola:

- Ah, isso é culpa dos pedestres que cismam em pisar na faixa quando o sinal fecha.

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Eu sei que se conselho fosse bom não seria for free, mas estamos aí para compartilhar conhecimento.

Se o seu problema são os carros que não param para que você atravesse a rua, não saia de casa.
Peça uma pizza, compre cerveja, chame a galera e veja o jogo no conforto do lar.

Já se a questão são os carros que param para que você atravesse a rua, não confie nestes monstros perversos. Por precaução, espere três sinais fecharem antes de pisar na faixa ou jogue algum graveto para servir de cobaia.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Isto é glamour?

Mamãe parou de comprar o jornal durante um tempo, pois não aguentava tanta tragédia no mundo. Às vezes, penso que feliz mesmo é o alienado. O emocional do ser humano não está preparado para tantas bombas informativas em diversos lugares ao mesmo tempo.

Hoje, uma amiga foi buscar o carro roubado num pátio no subúrbio. Por fora, o veículo parecia levemente depenado. Considerando que o bandido começa e a polícia termina o serviço, ela não ficou tão impressionada. Por dentro, no entanto, sobrou quase nada. Ao abrir a mala, viu que tinha levado um souvenir dos atenciosos criminosos. Manchas de sangue e um papelão onde lia-se "Pedofilia 9 anos", além de um cheiro terrível.
Cá com os meus botões, pensei "putz, ainda bem que eles removeram o corpo antes".

É corrupção, poluição, roubo, furto, homicídio, latrocínio, alagamento, desabamento, show do Coldplay, horror, horror, horror.

Alguma coisa ainda funciona neste Brasil nada varonil?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Se joga, 2010.

Ver o nascer do sol do primeiro dia do ano na praia do Leblon. E que parto, minha gente. O céu avermelhado, azulado, esverdeado, amarelado, uma miríade de cores linda de se admirar. À noite, apagar as luzes da casa e deixar a lua cumprir seu papel de poste de Lumiar. Para complementar, o barulhinho do rio correndo lá embaixo e as folhas do tão temido bananal balançando.

Sei não, mas começar o ano bem assim deve significar - e dignificar - alguma coisa.

2009 foi um ano bom. Muito melhor do que 2007 e 2008, o que não seria difícil, visto que estes foram os piores anos que poderiam constar na lista de piores anos. Foi em 2009 que descobri que há muito o que se descobrir por aí.

Enquanto finalizo meu textinho, percebo que ouço progressivo com o headphone surrupiado do ônibus turístico de Lisboa e Porto. Daria a unha "pipa" do meu mindinho pra estar lá ao invés de sentada em frente ao notebook sofrendo com o fato de ainda ser dia quatro.