segunda-feira, 29 de março de 2010

Rir para não chorar.

Pedro Bial anima o julgamento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. O share de audiência é de 98%.
De um lado, a torcida dos réus. De outro, os que apoiam a família da mãe da menina Isabella.

- Cadê a torcida dos Nardoni?
- Inocentes!! Inocentes!!
- E o pessoal que torce pela condenação?
- Justiça!! Justiça!!

Wanessa Camargo anima o evento cantando seus hits e fazendo o público dançar.

Nisso, um jovem americano que sofreu bullying na adolescência entra atirando com sua escopeta.

Desce o pano.

Tem, tem, tem picadeiro de qualidade!

O evento no qual foi transformado o julgamento do casal Nardoni reflete exatamente o que o brasileiro adora: papagaiada. Aquelas pessoas todas em frente ao fórum berrando e carregando faixas de protesto e apoio à mãe da menina me deram um nojo que nem te conto. Porra, como tem gente desocupada neste mundo. Ok, os réus são uns desequilibrados que merecem mais é apodrecer na cadeia (embora a gente saiba que vão durar mais uns dez aninhos lá, no máximo, e provavelmente sairão antes por bom comportamento ou qualquer outro critério besta), mas não era passagem do cometa Halley ou show da Wanessa Camargo, minha gente. A "plateia" soltou fogos quando a sentença saiu. Fogos. Como se fosse um grande arraiá. Fico pensando na quantidade de gente neste país que precisa ser julgada, condenada sem direito a nada. Pessoas que têm mais é que virar "bitch" de marginal na cadeia. É uma lista que não para de crescer e não, eu não vou comemorar porque o casal foi condenado. Especialmente levando em conta que a condenação foi conseguida no grito, em grande parte. Sabe quando o jogador vai na bola, o adversário se joga no chão fazendo a maior cena e o time inteiro vai pra cima do juiz, que, amedrontado, dá o cartão para o cara? Tá errado.

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Ou, então, vamos gritar bastante pra ver se a gente consegue colocar mais uma centena em seu devido lugar. Topas?

segunda-feira, 15 de março de 2010

Pra viver, pra gostar, pra chover, pra tratar de vadiar...

Tudo começou em 1994. Segundo semestre, se não me engano. Mamãe havia ido por indicação de uma paciente e achou que eu poderia gostar. Mãe é foda, sempre acerta.

A primeira casinha era minúscula. Onde quatro pessoas dormiriam confortavelmente, a gente colocava 15. Uma dormindo por cima da outra, colchão dentro do banheiro, mezanino lotado, uma coisa. Teto caiu, galinha cantou funk. Acordávamos com as vizinhas vacas.

A segunda, na mesma rua, era um pouco maior. De portas e janelas azuis, muito lindinhas. Além disso, um riacho passava no jardim. Posso dizer que já vi pessoas loucas enfiando a cabeça de outras pessoas loucas lá dentro. Minha avó também viu, coitada. Dançamos Uriah Heep na cozinha e vimos um camarão de asas - e não tínhamos fumado ou tomado nada.

Veio a terceira, a única com piscina. Praticamente semi-olímpica, com mais ou menos 25cm. Mas a casa tinha um varandão enorme, delicioso e cheio de sofás. Foram muitas tardes naquela varanda, ouvindo música e falando besteira. Relaxando, vocês sabem. Coisa, aliás, que foi feita para ser feita num lugar como aquele.

A penúltima era quase profissional. Juntava o varandão com não um riacho, mas um belo rio passando na frente. Não havia um poço digno de mergulhos olímpicos, mas funcionava muito bem. A piscina de plástico montada na frente fazia a gente não querer mais sair de lá. A pirambeira logo ali também não ajudava.

A última, bem, era nossa, o que explica o amor maior de todos. A varanda enorme, o quartinho no andar de baixo, o jardim lindo lotado de hibiscos e plantinhas coloridas. A hortinha lá atrás e a placa de "Pamraíso" pendurada no portão. Lembro de quando a vi pela primeira vez: "é só você olhar para o lado direito e vai ver a casinha ao lado do bananal". Dona Vera caprichou, misturou madeira com gesso, pé direito enorme com vidro, deixou tudo com sua cara.

Adoro viajar pra qualquer canto. Sair do Rio me faz pensar que há chance de passar o tempo sem caos, buzina, armas brancas e pretas, gente berrando nos meus ouvidos. Mas com Lumiar é diferente. Aquilo ali tem um poder doido de me transformar numa das pessoas mais felizes do mundo.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Amor só dura em liberdade??

Resolvo colocar em algum filminho bem bobo pra pegar no sono de vez. O enredo é clichê brabo, com um rapaz que vive relacionamento com uma menina que está grávida de três meses e, de repente, se encanta com uma garota mais nova. Até aí, básico. É CLARO que a noiva descobre e termina com ele. É CLARO que a "outra" se apaixona e começa a dar incertas em seu trabalho, mas sem matar coelhinhos ou cortar os pulsos, como fez Glenn Close há uns bons vinte anos atrás.

Me incomoda a traição ser passada como uma coisa natural. Melhor ainda, natural para a NATUREZA MASCULINA. O próprio personagem diz, no momento em que é descoberto, que depois de três anos de relacionamento, beijar a boca de outra persona é coisa normal. Não, mal aí, mas não é. Trair é feio, desrespeitoso, cruel. E esse papo de ser coisa de homem, mal aí novamente, não passa de desculpa para fazer merda sem peso na consciência.

Uma conhecida (Dona Y, por que não?), sabendo de sua condição de traída, me disse certa vez que precisamos aceitar esta atitude dos homens. É uma coisa física, sabe? Não adianta ir contra, é frustração certa. Então, cherie, serei uma eterna sofredora. E continuarei achando que trair é feio e desnecessário e não tem ABSOLUTAMENTE nada a ver com sexo, cor, credo, religião, idade e o outras categorias.

Deixo claro que não sou daquelas feministas xiitérrimas que dizem que homem só serve mesmo pra abrir pote de palmito. Abrir esse troço é mesmo difícil, mas nada que uma tampinha moderna não resolva. Acho, sim, que as mulheres têm direito às mesmas condições de trabalho que o homem e se a garota está na pista tem mais é que beijar na boca, mas reconheço a importância do homem é o quão delicioso é ter alguém especial do meu lado.

E não, não fui traída. Simplesmente acho que está na hora de aniquilar este monstrinho fedorento, retrógrado e careta chamado machismo e todos os seus filhotes.