Tudo começou em 1994. Segundo semestre, se não me engano. Mamãe havia ido por indicação de uma paciente e achou que eu poderia gostar. Mãe é foda, sempre acerta.
A primeira casinha era minúscula. Onde quatro pessoas dormiriam confortavelmente, a gente colocava 15. Uma dormindo por cima da outra, colchão dentro do banheiro, mezanino lotado, uma coisa. Teto caiu, galinha cantou funk. Acordávamos com as vizinhas vacas.
A segunda, na mesma rua, era um pouco maior. De portas e janelas azuis, muito lindinhas. Além disso, um riacho passava no jardim. Posso dizer que já vi pessoas loucas enfiando a cabeça de outras pessoas loucas lá dentro. Minha avó também viu, coitada. Dançamos Uriah Heep na cozinha e vimos um camarão de asas - e não tínhamos fumado ou tomado nada.
Veio a terceira, a única com piscina. Praticamente semi-olímpica, com mais ou menos 25cm. Mas a casa tinha um varandão enorme, delicioso e cheio de sofás. Foram muitas tardes naquela varanda, ouvindo música e falando besteira. Relaxando, vocês sabem. Coisa, aliás, que foi feita para ser feita num lugar como aquele.
A penúltima era quase profissional. Juntava o varandão com não um riacho, mas um belo rio passando na frente. Não havia um poço digno de mergulhos olímpicos, mas funcionava muito bem. A piscina de plástico montada na frente fazia a gente não querer mais sair de lá. A pirambeira logo ali também não ajudava.
A última, bem, era nossa, o que explica o amor maior de todos. A varanda enorme, o quartinho no andar de baixo, o jardim lindo lotado de hibiscos e plantinhas coloridas. A hortinha lá atrás e a placa de "Pamraíso" pendurada no portão. Lembro de quando a vi pela primeira vez: "é só você olhar para o lado direito e vai ver a casinha ao lado do bananal". Dona Vera caprichou, misturou madeira com gesso, pé direito enorme com vidro, deixou tudo com sua cara.
Adoro viajar pra qualquer canto. Sair do Rio me faz pensar que há chance de passar o tempo sem caos, buzina, armas brancas e pretas, gente berrando nos meus ouvidos. Mas com Lumiar é diferente. Aquilo ali tem um poder doido de me transformar numa das pessoas mais felizes do mundo.
segunda-feira, 15 de março de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Babe,
que saudade de Lumiar.
Que saudade da gente em Lumiar.
Que saudade das meninas.
O texto está lindo. Você devia mesmo desdobrá-lo em muitos outros.
Beijoca.
Minha amiga querida, não sabia que vc tinha um bloguito também!! Adorei seus textos, e fico cada vez mais doida pra conhecer Lumiar, a casa vez que ouço você falando de lá.
Beijos
Postar um comentário