Meu interesse por futebol começou em 1992/1993. À época, eu dividia o quarto com meu irmão mais velho e era "obrigada" a assistir a partidas de times da terceira divisão do campeonato sergipano. O ó. Mas, em 93, o Flamengo disputou a final da Super Copa com o São Paulo e perdeu. E eu chorei feito um bebê. Acho que só tinha chorado assim quando minha cachorrinha vira-lata Miúcha tinha morrido, muitos anos antes. Lembro do cadáver estirado na área do apartamento como se fosse hoje. Muito querida, aquela bichinha. Enfim, aquele jogo fez com que eu passasse a ver os jogos com real interesse.
- Ah, Fernanda, mas por que o Flamengo?
Minha mãe era flamenguista, apesar do pai vascaíno. Quando o Mengão ganhava, ela corria pra sala e colocava o hino rubro-negro berrando no som. Lembrança boa. Meu irmão é flamenguista também e minha irmã mais velha idem, apesar de ignorar solenemente o esporte. Meu pai diz que é por minha causa. Ele sabe que vou deserdá-lo caso vire casaca e eu não engoli muito bem essa coisa de torcer também pelo Palmeiras só porque sua esposa e filho são. Por estar cercada de flamenguistas e achar a combinação vermelha e preta um luxo, não tinha como eu escolher outro time.
E aí que fui ao Maracanã pela primeira vez, já velhinha, aos 14 anos. O jogo? Vasco x La Coruña. Meu ex-cunhado, torcedor doido (redundância número um) do time de São Longe pra Caralho Januário, resolveu levar a família toda à despedida do Roberto Dinamite. Coitadinho, o time dele perdeu de 2x1 de virada com direito a gol do Bebeto, ex-jogador do Vasco. Podia ter dormido sem essa. Por coincidência, a primeira ida ao Maraca pra ver o Flamengo jogando foi contra o cruzcredomaltino. Se eu disser que foi 2x1 Mengão de virada vocês vão acreditar? Pois é, a vida é mesmo cheia de surpresas - ou não.
De lá pra cá, prestigiei o Mais Querido muitas vezes, mas sempre com aquele senso crítico pé no chão que me permite saber se o time está bem ou não fazendo por onde. A final do Brasileiro de 2009 foi linda para o Mengão, mas xinguei muito mais do que comemorei, pois passei um perrengue dos infernos para estar no Maracanã e o time não jogou porra nenhuma.
Eu adoro o Flamengo. E adoro adorar o Flamengo. Fazer parte da maior torcida do Brasil que suporta o time mais importante do Brasil é um prazer que só nós, flamenguistas, temos. Quando o Flamengo ganha, as ruas ficam lindas, alegres, descontraídas. Quando perde, bem, aí é melhor sair antes do jogo acabar para não correr o risco de levar uma cadeirada na cabeça, mas é só ficar esperto. É a torcida mais democrática, heterogênea. Tem gente bonita, feia, com e sem os dentes, preta, branca, amarela, que vai de BMW ou trem para o Maracanã. E é uma torcida apaixonada e devota, que não liga pra esse papinho chato e repetitivo de "favela/mulambada". O que para vocês, antiflamenguistas feiosos cheios de preconceito, é uma crítica, para nós é motivo de orgulho. Vocês nunca vão saber o que é subir a rampa do Maraca com a mão no ombro de um negão que nunca viu cantando "Uh-tererê". E, também, o que é ganhar um Mundial, uma Libertadores, seis Brasileiros, 31 cariocas... mas aí já é outra história.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
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2 comentários:
Que texto lindo, meu amor.
Por essas e outras que você é a Psica-Fla Número 1 do babe.
Saudações Rubro-Negras.
Beijo.
Eu não sou psica, tá? Só quando estou ao seu lado :-)
Beijoca, meu amorzinho.
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